O portfólio - Resenha sobre o Portfólio Reflexivo Profissional




CESTEROS, S.P. Portafolio Docente y evaluación del profesorado de ELE. In: BARTOL, E. CHAMANADJIAN, L. (eds.). Actas del Coloquio Internacional sobre la Enseñanza de Español como Lengua Extranjera en Quebec IV – boletín de investigación y debate, Montreal, n. 12, p. 5-27, 2012.

Neste artigo Susana Pastor Cesteros busca apresentar o portfólio como uma ferramenta que auxilia na formação de bons professores, independentemente de terem ou não experiência em docência. Além da definição do que é o portfólio reflexivo profissional, o artigo apresenta seus objetivos, estrutura, utilização para autoavaliação (como instrumento de reflexão docente) e, também, possíveis dificuldades que enfrentam os profissionais que optam por utilizá-lo.

O artigo está apresentado em 4 partes, sendo a primeira e a última, respectivamente, introdução e conclusões. A segunda parte está dividida em 4 subcapítulos: no primeiro a autora apresenta as três dimensões do portfólio: é uma ferramenta didática utilizada por várias disciplinas, como método de avaliação de estudantes; que, desde 2001, foi adaptado especificamente ao ensino de idiomas (isso no contexto europeu), passando a ser constituído por registros de competências dos usuários em diversas línguas, da reflexão sobre sua aprendizagem e a reunião de atividades pelas quais as estudantes apresentam o que são capazes de realizar linguisticamente em cada uma; a terceira, que é o foco do artigo, é que o portfólio reflexivo profissional, o portfólio docente: é um produto que tem como objetivo oferecer evidências do próprio trabalho, as seguintes reflexões sobre ele e os objetivos de ensino-aprendizagem do/a autor/a. Cesteros afirma que o portfólio pode ser físico, virtual e, ultimamente, tem movido até os blogs. Neste primeiro subcapítulo a autora mostra as diferenças entre um portfólio e um currículo – ambos servem para mostrar um trabalho, mas só o primeiro é utilizado para reflexão e auto avaliação. No segundo subcapítulo é apresentada a estrutura dos portfólios. O mais importante é que é uma ferramenta que se retroalimenta: partindo da apresentação profissional, ou seja, da formação acadêmica, das crenças da professora, suas experiências, inquietudes e etc. a/o docente reúne materiais que julga pertinente para avaliar suas habilidades, estes materiais devem acompanhar uma reflexão sobre sua utilização, e não deve ser só o que funciona positivamente, ou apenas o que está dando errado, mas tudo o que documente uma tomada de consciência profissional, de desenvolvimento e mudança. Também deve aparecer em um portfólio os objetivos do professor, o que há de positivo e o que há de frágil, para a mudança e melhora na aprendizagem de línguas pelos estudantes. A autora cita Richards e Lockhart (1998) e afirma que eles mostraram que é possível aprender muito sobre o ensino por meio da introspecção. Nos dois últimos subcapítulos são apresentadas as utilidades do portfólio (apresentar a qualidade profissional, ser avaliado, etc.), objetivos (mostrar a complexidade do ensino...) e quais funções cumpre (autorreflexão, carta de apresentação, tomada de decisões, trabalho em equipe, planificação da formação de professores, etc.) e, por último, alguns portfólios importantes para se ter como exemplo. Na terceira parte Cesteros apresenta como os portfólios podem ser utilizados para avaliação dos professores e sua formação inicial e continuada. Para isso ela começa dizendo que em países como os Estados Unidos e o Canadá a utilização dessa ferramenta já está institucionalizada e que parece que só não é utilizada na realidade espanhola. Então ela apresenta um breve histórico (espanhol) sobre a formação de professores de (espanhol como) língua/s estrangeira/s, partindo de que o mais importante, no início, era uma formação específica de espanhol para, sobretudo, conquistar reconhecimento social e institucional. Depois de muitos anos de experiências diversas de formação docente esse espaço da capacidade didática foi garantido de forma mais que satisfatória, e o portfólio passa a ser importante para as três modalidades de formação de professores: a inicial, a permanente e a especializada. Cesteros afirma que a ferramenta é útil para avaliação e aperfeiçoamento de profissionais em todas essas fases, mas que sem dúvida, tem maior relevância na formação continuada, uma vez que permite outros pontos de vista ao modo de ensinar, conduções diferentes de práticas habituais insatisfatórias, a investigação de aspectos que podem melhorar e por mostrar a satisfação que o/a professor/a tem em realizar seu trabalho. Na conclusão são apresentadas as possíveis inquietações das/os profissionais que buscam trabalhar com essa ferramenta, como de que maneira se faz uma autoavaliação mais efetiva, se deve ser um documento público e se realmente traz benefícios para a formação profissional. Além dessas inquietações, na conclusão também são apresentadas algumas críticas ao modo de produzir essa ferramenta: é algo que requer tempo, o que torna um trabalho a mais para profissionais que já possuem agendas cheias, sem essa preparação, sem reflexão, o documento pode se transformar em uma mera acumulação de exemplos, uma mera exibição do trabalho que corre o risco de banalizar a docência, uma vez que podem ser documentados aspectos dispensáveis para a reflexão profissional. Cesteros cita Cassany (2007) que afirma que o portfólio está na moda, mas não pode ser visto como uma solução mágica que vai resolver todos os problemas das aulas de Língua Estrangeira (LE), logo, como todas as ferramentas disponíveis, precisa ser utilizada com critério, tempo e inteligência.

fonte: WikiHow

O artigo de Susana Pastor Cesteros apresenta o portfólio como uma ferramenta importante para a formação docente, seja inicial, continuada ou especializada. Na introdução mostra que o artigo apresenta os objetivos, as definições, sua utilização para avaliação e seus possíveis problemas. Nos capítulos e subcapítulos posteriores o artigo mostra como deve ser produzido o portfólio, sua estrutura, a comparação com outras ferramentas de formação docente, exemplos de portfólios importantes para a formação de professores de ELE, as utilidades da ferramenta, como pode ser produzida, como pode ser utilizada para formação, autoavaliação e reflexão docente e, na conclusão, quais os desafios que a ferramenta oferece e como eles devem ser ultrapassados.


A partir da leitura do artigo é possível perceber que um portfólio reflexivo docente é muito mais que uma compilação de atividades que podem ser utilizadas pelos professores, pelo contrário, entende-se que essa ferramenta é importante para uma boa reflexão sobre o trabalho docente. Entende-se que não há nada espetacular, que não há uma fórmula para um bom trabalho docente, mas que é necessário reunir informações sobre as aulas (gravações, relatórios, materiais utilizados...) para refletir o que é positivo, o que pode continuar, o que deve mudar, o que não deve acontecer... Somente a partir da introspecção, da autoavaliação é que é possível alcançar uma maior satisfação com a docência. Também é muito importante ter consciência de que este é um trabalho contínuo, um produto e não um resultado, que deve ser produzido com seriedade e disposição, do contrário, não atingirá seu objetivo de ser um instrumento eficaz para a formação docente.

É necessário mostrar no portfólio a reflexão sobre o ensino, sobre o trabalho docente.
Fonte: WikiHow (no link também tem "dicas" de como fazer um portfólio decente* docente)

*Esse portfólio tem licença trocadilho

Comentários

  1. Vou ler com calma e comentarei com bastante conhecimento!! Parabéns!!

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    1. Bom senso de humor, Bruna!!!
      Levando em conta a leitura crítica do artigo que você fez,
      como ou para que vc usaria esse portafólio?

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    2. Obrigada, Gregório! Considerando que ainda não sou professora, busco utilizar esse portfólio como ferramenta de formação profissional, para registrar as leituras, pesquisas, produções que vou desenvolver nos próximos meses... Também vou utilizá-lo como um mostruário do meu trabalho de pesquisa, (e, logo, também de ensino) como acompanhante do currículo (tanto o vitae quanto o lattes). Assim, quando já tiver um emprego na área docente vou analisar sobre a continuação do uso dessa ferramenta para a melhoria do trabalho docente. Enquanto tiver resultados positivos continuarei usando - ou tentando usar, porque é mesmo algo difícil, uma vez que requer nosso tempo! :) abraços!

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